Na correria do dia a dia, muitas atividades podem ser feitas no “piloto automático” para facilitar e otimizar o tempo. Mas, muitas outras, principalmente as ligadas à vida profissional ou estudos, requerem foco e concentração. Para muitas pessoas, parece estar cada vez mais difícil se concentrar diante de tanta distração que o mundo moderno apresenta.
Só para você ver como está complicado para os indivíduos terem foco, uma pesquisa comprovou que no ano de 2000, as pessoas conseguiam se concentrar completamente por 12 segundos. Em 2015, esse tempo caiu para 8.25 segundos. Bastante coisa, não é? Esses dados mostram que a sociedade está constantemente lutando para ficar totalmente atenta a algo.
Nesse sentido, você, provavelmente, já ouviu a palavra “mindfulness”, ou atenção plena. Esse é um tópico que vem crescendo bastante nas últimas décadas e chamando a atenção daqueles que procuram estar mais presentes nas tarefas rotineiras.
Por isso, se você está procurando saber sobre essa prática, entender os benefícios dela e melhorar a sua concentração durante o dia, chegou ao lugar certo. Separamos as principais informações sobre o assunto para potencializar os seus resultados e melhorar a sua vida. Leia para descobrir tudo!
O que é mindfulness?
Mindfulness (ou atenção plena) é um estado para treinamento da qualidade de atenção ao momento presente e autocompaixão pelas experiências desafiadoras. De forma simples, é estar com atenção totalmente focada no aqui, agora. Durante essa prática, as preocupações com o futuro ou o passado dão lugar a uma consciência avançada do momento que inclui a percepção de sensações, sentimentos e do ambiente.
Esse conjunto de práticas ajuda no aprendizado e na percepção, sem reagir de maneira automática ou padrão. Desse modo, conseguimos fazer escolhas mais funcionais e conscientes, influenciando positivamente a maneira como lidamos com os desafios diários.
Existem diferentes origens para o mindfulness, com maior ou menor inspiração nas tradições religiosas orientais. A sua origem mais conhecida são as práticas de meditação, porém, também existem ligações com a Psicologia das psicoterapias contextuais e Cognição Social. De todo modo, é muito mais comum a associação do mindfulness com a meditação budista.
O primeiro programa desse tipo foi a Redução de Estresse Baseada em Mindfulness (MBSR), feito por Kabat-Zinn nos Estados Unidos, nos anos de 1980. Desde então, inúmeros treinamentos de atenção plena surgiram ao redor do mundo, com cada vez mais participantes.
Para que serve essa prática?
Primeiramente, vamos pensar em quantos acontecimentos estão ao nosso redor todos os dias. Com cada vez mais demandas e ações simultâneas, é fácil cair na tentação de aplicar o multitasking, realizando várias tarefas ao mesmo tempo. Muitas vezes, isso traz uma ilusão de aumento de produtividade e otimização de tempo, já que, na realidade, as pessoas têm pouco poder para dividir a atenção e acabam se sobrecarregando e gerando ansiedade sobre as ações.
O médico, pesquisador e fundador do Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde, Marcelo Demarzo, pontua que uma mudança rápida de foco de atenção é ruim para a nossa mente, já que existe um período de latência para conseguirmos estar completamente compenetrados em alguma ação. Assim, se ocorre uma interrupção desse processo, demoramos dez vezes mais para focar novamente. É por isso que o mindfulness é tão poderoso!
Esses exercícios conseguem treinar a nossa consciência para, quando estamos desatentos, percebermos e conseguirmos redirecionar a atenção com facilidade. A regularidade dos treinos de atenção plena provocam neuroplasticidade — adaptação do cérebro — fazendo com que a volta do foco se torne uma habilidade constante.
Quais são os benefícios do mindfulness?
A prática, que já foi objeto de estudo em universidades importantes ao redor do mundo, é capaz de trazer vários benefícios para a nossa vida, refletindo positivamente na saúde mental e física. Além disso, os exercícios também conseguem auxiliar no desenvolvimento da inteligência emocional, que pode ser aplicada em vários contextos da vida pessoal e profissional.
Controla o estresse e ansiedade
Assim como várias outras práticas de meditação e exercícios de ioga, os treinamentos do mindfulness ajudam a encontrar um estado de serenidade, tranquilidade e calma, interferindo diretamente na saúde emocional e provocando reações físicas positivas. É possível reduzir os níveis de cortisol do corpo, hormônio necessário para regular a energia em situações muito tensas, combatendo doenças como depressão e ansiedade, e controlando o estresse.
Diminui a insônia
Praticantes do mindfulness têm um controle maior sobre o próprio comportamento e conseguem gerenciar as emoções durante o dia. Consequentemente, é possível reduzir a ativação cerebral durante a noite, tendo maior qualidade de sono e conseguindo dormir melhor.
Protege o cérebro
Atividades de atenção plena podem ajudar a melhorar as funções cognitivas de uma pessoa, reforçando a memória e promovendo mudanças estruturais e funcionais no cérebro. Então, com as práticas regulares do mindfulness, é possível observar melhoras nas regiões do córtex pré-frontal, responsável pelo processamento de informações, funções de execução de tarefas e regulação da atenção diária.
Aumenta a capacidade de concentração
Além de diminuir a ansiedade e o estresse, fatores que contribuem para a falta de concentração, a técnica ajuda a melhorar o autocontrole e aumentar, de fato e com qualidade, a produtividade. Isso acontece porque a prática atua diretamente nos processos de tomada e formação de consciência e atenção.
Como aplicar a prática no dia a dia?
Existem várias maneiras de aplicar o mindfulness no dia a dia. As mais simples são baseadas na criação de um ponto de atenção — conhecido como âncora. Mas, para quem busca resultados e melhora, é preciso entender que os exercícios devem ser feitos regularmente, em posições confortáveis e ambientes silenciosos. Quando existem distrações ao redor que tiram o foco durante a atividade, também é importante aplicar as práticas para reajustar a atenção total.
Vamos conhecer alguns dos principais exercícios para treinar a concentração:
- Três minutos de mindfulness — de olhos fechados, foque a sua atenção no corpo, podendo ser nas partes físicas ou, até mesmo, em sentimentos e pensamentos. Depois, se concentre em movimentos e sensações da respiração. Aos poucos, volte a atenção ao corpo, incluindo as percepções do ambiente;
- Mindfulness da respiração — nessa técnica, o corpo funciona como âncora, levando a concentração para ele. Entretanto, nesse caso, procure deixar a mente divagar naturalmente e, então, ao perceber a distração, leve-a de volta para o corpo. O ideal é fazer quantas vezes for necessário para conseguir o resultado esperado;
- Exercitar o cérebro — o cérebro, como todos os outros músculos, deve ser exercitado com frequência. Por isso, em uma posição confortável e ereta, feche os olhos e foque a sua respiração, prestando atenção no fluxo de ar que entra e sai, voltando a atenção a esse processo sempre que a mente divagar;
- Cultivar a prática da gratidão — olhar com gratidão para as coisas que você tem e agradecer pelas conquistas é uma maneira de focar os resultados positivos da sua vida. Procure mudar o seu ponto de vista e enxergar as coisas agradecendo por aquilo que está ao seu redor;
- Permitir sentir as emoções — a chave é não lutar contra as suas emoções. Permita-se sentir todas elas, tentando entender de onde cada uma vem e analisando o que pode ser feito para melhorar as situações. Essa é uma forma de treinar e melhorar a inteligência emocional.
Ficou claro que a técnica do mindfulness, quando aplicada correta e regularmente, é muito poderosa para a sua vida. Portanto, separe alguns minutos por dia e dedique a sua atenção e foco total para esses exercícios. Temos certeza de que você vai ver a melhora em pouco tempo.
Se tiver dificuldades, procure um profissional qualificado e conheça outras práticas que podem te ajudar nesse caminho de autodesenvolvimento.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.
