Afetando milhões de pessoas em
todo o globo, a diabetes é uma das condições crônicas de saúde mais comuns do
mundo. Só no Brasil, de acordo com estatísticas referentes ao ano de 2024,
coletadas pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), são mais de 16
milhões de pessoas que convivem com a doença -- e os dados não param por aí.
Estima-se que até o ano de 2045
os casos mundiais aumentarão de 589 milhões (registrados em 2024) para 852
milhões. Nesse cenário, entender o que é diabetes é fundamental não apenas para
quem já recebeu o diagnóstico, mas também para quem deseja prevenir a doença,
adotando um estilo de vida mais saudável.
Considere
esse artigo como um verdadeiro guia da diabetes, que vai explicar tudo o que
você precisa saber sobre o assunto. Boa leitura!
O QUE É DIABETES
Diabetes, cujo nome completo é diabetes mellitus, é uma
doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue. A
condição, chamada de hiperglicemia, está relacionada à insuficiência de um
hormônio chamado insulina, produzido pelo pâncreas.
Sua função é permitir que a glicose presente no sangue
chegue às células do corpo para ser utilizada como fonte de energia. Quando o
organismo não produz insulina o suficiente ou
não consegue utilizar de forma adequada a insulina que produz, o
processo não ocorre corretamente e a glicose se acumula no sangue, causando
diversos efeitos negativos para a saúde.
O diabetes é dividido em três principais tipos. Entenda cada
um deles:
DIABETES TIPO 1
Considerada uma doença autoimune, a diabetes do tipo 1 faz
com que o próprio sistema imunológico combata as células do pâncreas
responsáveis pela produção de insulina, fazendo com que o organismo tenha
dificuldades em produzir o hormônio.
Comumente diagnosticado ainda na infância ou na
adolescência, sendo mais rara em adultos, o tipo 1 representa entre 5 e 10% dos
casos de diabetes.
DIABETES TIPO 2
Sendo mais prevalente entre os tipos de diabetes, o tipo 2
está frequentemente relacionado a problemas de estilo de vida, em especial o
excesso de peso, o sedentarismo e a alimentação inadequada.
Nesses casos, o organismo consegue produzir insulina, mas as
células desenvolvem resistência à substância, dificultando o seu aproveitamento
na queima da glicose. Para compensar, o pâncreas tenta produzir ainda mais
insulina — até entrar em um estado de exaustão.
A diabetes tipo 2 costuma se manifestar em adultos, mas têm
chamado a atenção o aumento no número de diagnósticos em crianças e
adolescentes, especialmente em contextos de obesidade.
●
Leia também: Obesidade
infantil: como prevenir seus riscos à saúde da criança
DIABETES GESTACIONAL
O diabetes gestacional, como o próprio nome já
indica, está associado à gravidez e aparece devido a alterações hormonais que
prejudicam a ação da insulina no organismo.
Embora normalmente desapareça após o parto, o diabetes
gestacional demanda cuidados para que não prejudique a saúde da mãe e do bebê.
Além disso, a condição aumenta o risco de que a mulher desenvolva diabetes tipo
2 em algum momento de sua vida.
CONHEÇA AS CAUSAS E FATORES DE RISCO
PARA DIABETES
O diabetes é uma condição multifatorial, ou seja, está
relacionado a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e
comportamentais. Entender esses fatores é muito importante tanto para a
prevenção quanto para o diagnóstico precoce da doença.
CAUSAS DO DIABETES TIPO 1
O diabetes tipo 1 tem origem autoimune e suas causas ainda
não são totalmente compreendidas. O que se sabe, no entanto, é que há o
envolvimento de fatores genéticos e, possivelmente, alguns gatilhos ambientais
como infecções.
Essa forma da doença, no entanto, não está relacionada a
hábitos de vida e não pode ser prevenida.
CAUSAS DO DIABETES TIPO 2
Já o diabetes tipo 2 está relacionado a diversos fatores de
risco relacionados a hábitos de vida, como:
●
excesso de peso e obesidade, que está associados ao
aumento da resistência à insulina;
●
sedentarismo, pois a falta de atividade física
contribui com o ganho de peso e dificulta o controle da glicemia;
●
alimentação desequilibrada, com dietas ricas em açúcar,
gordura saturada e ultraprocessados que aumentam o nível de glicose no sangue;
Além disso, o componente genético também tem sua vez, já que
pessoas com histórico familiar de diabetes aumentam significativamente o risco
de desenvolver a condição, que aumenta com a idade.
Questões como hipertensão, colesterol alto e triglicerídeos
elevados também estão comumente associadas ao quadro de diabetes.
Mulheres com histórico de diabetes gestacional e síndrome do ovário policístico também têm mais
chances de desenvolver diabetes do tipo 2 em algum momento da vida
CAUSAS DO DIABETES GESTACIONAL
Já o diabetes gestacional está associado às diversas
alterações hormonais pelas quais o organismo feminino passa durante a gravidez.
Algumas dessas alterações podem interferir na ação da insulina e, em algumas
gestantes, o quadro se intensifica a ponto de causar o estado de hiperglicemia.
Os principais fatores de risco para o diabetes gestacional
incluem:
excesso de peso antes da gravidez;
●
idade materna superior aos 35 anos;
●
histórico familiar de diabetes;
●
histórico de diabetes gestacional em gestações anteriores;
●
síndrome dos ovários policísticos.
OUTRAS CAUSAS E FATORES DE RISCO PARA DIABETES
Por fim, algumas condições específicas de saúde e uso de
medicamentos também podem causar formas menos comuns de diabetes, como:
●
uso prolongado de corticosteroides;.
●
doenças pancreáticas;
●
distúrbios hormonais;
●
mutação genética rara.
PRINCIPAIS SINTOMAS DE DIABETES
Os sintomas de diabetes podem variar de acordo com o tipo da
doença e o grau de descontrole da glicose no sangue.
Em grande parte dos casos, especialmente em pacientes de
diabetes do tipo 2, os sinais são bastante sutis e se desenvolvem de forma
lenta, o que dificulta a percepção do problema. Por isso, é muito comum que o
diagnóstico aconteça apenas quando há complicações associadas.
Já no caso do diabetes tipo 1, os sinais surgem rapidamente
e progridem em questão de dias ou poucas semanas, exigindo atendimento médico
imediato para evitar complicações.
Ter um bom conhecimento sobre os sintomas mais frequentes é
importantíssimo para reconhecer a doença o mais cedo possível e buscar o
tratamento adequado. Veja quais são eles:
SEDE EXCESSIVA
Um dos primeiros sinais do diabetes é a sensação constante
de sede, mesmo após beber água. Isso ocorre porque, para tentar eliminar o
excesso de glicose no sangue, o organismo estimula os rins a produzirem mais
urina que o normal. Como consequência, há uma perda significativa de líquidos
que levam à desidratação e ao aumento da sede.
URINA EXCESSIVA
A vontade frequente de fazer xixi, como explicado acima, é
uma tentativa do organismo de se livrar do excesso de glicose. As idas
constantes ao banheiro, inclusive durante a noite, prejudicam o sono e o
bem-estar dos afetados.
FOME EXAGERADA
Como o diabetes causa uma dificuldade das células do corpo
em absorver o nível de glicose que precisam para funcionar adequadamente, seja
por conta da deficiência na produção ou da resistência à insulina, o organismo
entende constantemente que está sem energia, enviando ao cérebro os finais de
fome.
PERDA DE PESO INEXPLICADA
No diabetes tipo 1, é muito comum que ocorra perda de peso
rápida e não intencional. Isso porque, na falta da insulina, o corpo não
consegue utilizar a glicose adequadamente como fonte de energia e começa então
a queimar músculos e gordura.
É importante que os pais se atentem a esse sinal, que é um
dos primeiros indícios da doença em crianças e adolescentes.
SENSAÇÃO CONSTANTE DE CANSAÇO
A falta de energia nas células causada pela má absorção da
glicose leva a uma sensação persistente de cansaço físico e mental, mesmo após
o repouso.
VISÃO EMBAÇADA
A concentração elevada de glicose no sangue pode alterar a
estrutura responsável pelo foco na visão, fazendo com que ela fique embaçada.
Esse sintoma pode tanto melhorar com o controle glicêmico como evoluir para
complicações mais sérias em caso de descontrole.
CICATRIZAÇÃO LENTA
Feridas que demoram a cicatrizar ou que evoluem para
infecções também podem ser um sinal de diabetes. Isso acontece devido ao
comprometimento da circulação sanguínea e à redução da resposta imunológica
causados em quadros de hiperglicemia prolongada.
COMO DIAGNOSTICAR DIABETES?
O diagnóstico de diabetes é feito com base na medição dos
níveis de glicose do sangue por meio de testes laboratoriais simples e
acessíveis que, geralmente, faz parte dos exames preventivos de rotina. Os
principais são:
GLICEMIA DE JEJUM
Consiste na coleta de sangue após jejum de 8 a 12 horas. Os
valores de referência são:
●
normal: até 99 mg/dL;
●
pré-diabetes: entre 100 e 125 mg/dL;
●
diabetes: igual ou superior a 126 mg/dL.
HEMOGLOBINA GLICADA
O resultado é obtido a partir da coleta de sangue sem
necessidade de jejum e avalia a média da glicemia nos últimos 2 a 3 meses. Seus
valores de referência são:
●
normal: abaixo de 5,7%;
●
pré-diabetes: entre 5,7% e 6,4%;
●
diabetes: 6,5% ou mais.
TESTE DE TOLERÂNCIA ORAL A GLICOSE DE 1 OU 2H
Esse exame é um pouco mais complexo que os demais e,
portanto, indicado especialmente em casos de suspeita de diabetes gestacional
ou quando os outros exames trazem resultados inconclusivos.
Ele mede a resposta do organismo após a ingestão de uma
solução com 75g de glicose e, para isso, são feitas coletas do sangue em jejum,
depois de 1 hora ou depois de 2 horas do consumo da glicose via oral.
Os valores de referência para 1h, após a ingestão de 75g de
glicose são:
●
normal: até 154 mg/dL;
●
pré-diabetes: entre 155 e 208 mg/dL;
●
diabetes: acima de 209 mg/dL.
Os valores de referência para 2h são:
●
normal: abaixo de 140 mg/dL;
●
pré-diabetes: entre 140 e 199 mg/dL;
●
diabetes: 200 mg/dL ou mais..
Muito sensível, esse exame é a opção ideal para detectar
alterações que ainda não se manifestaram nos exames triviais de rotina.
Na gestação, ele é geralmente realizado entre a 24ª e a 28ª
semana, mas pode ser adiantado caso a paciente esteja apresentando sintomas ou
tenha fatores de risco.
O diagnóstico de diabetes é confirmado da seguinte maneira:
●
dois exames alterados com valores de referência para
diabetes;
●
um exame alterado em pessoas com sintomas clássicos;
●
hemoglobina glicada igual ou acima de 6,5% em mais de
uma coleta.
O médico também deve, é claro, levar em conta o histórico de
saúde, a avaliação dos sintomas e o contexto do paciente.
COMO É CONDUZIDO O TRATAMENTO PARA
DIABETES?
O diabetes é uma condição crônica de saúde, ou seja, não tem
cura. Com os cuidados adequados, no entanto, é possível ter muita qualidade de
vida, mesmo convivendo com a doença.
O tratamento do diabetes tem como objetivo principal
controlar os níveis de glicose no sangue, visando prevenir complicações e
garantir uma vida saudável e ativa. Esse controle pode ser realizado por meio
de uma abordagem multidisciplinar que envolve mudanças no estilo de vida, uso
de medicamentos e acompanhamento médico contínuo.
Fazer o monitoramento da glicose no dia a dia é essencial
para acompanhar a evolução do quadro, a eficácia do tratamento e evitar crises
tanto de hipoglicemia quanto de hiperglicemia.
A escolha do tratamento ideal depende do tipo de diabetes,
do quadro clínico do paciente e de fatores individuais como idade, peso,
contexto geral de saúde e histórico familiar.
As principais abordagens são:
MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA
Independentemente do tipo de diabetes, as mudanças de
hábitos são fundamentais no controle da doença. Isso inclui:
●
prática de atividade física regular;
●
controle do estresse;
●
qualidade de sono.
MEDICAMENTOS
Quando apenas as mudanças de estilo de vida não são
suficientes para controlar os níveis de glicose no sangue, o médico pode
indicar alguns medicamentos que ajudam.
ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA
Para pacientes de diabetes do tipo 1, o uso de insulina é fundamental
desde o diagnóstico, já que o organismo não consegue produzir a substância.
Para pacientes do tipo 2, a administração da substância é
indicada caso o uso dos medicamentos orais não sejam mais suficientes para o
controle glicêmico.
COMPLICAÇÕES DO DIABETES
Como foi dito no tópico acima, manter o diabetes controlado
é fundamental para manter uma vida saudável e ativa e evitar complicações
graves que podem ser causadas pelo quadro prolongado de hiperglicemia. Conheça
as principais complicações que podem ocorrer:
RETINOPATIA DIABÉTICA
O excesso de glicose no sangue de forma constante pode
danificar os vasos sanguíneos da retina, provocando a chamada retinopatia
diabética. A condição pode causar:
●
visão embaçada ou distorcida;
●
manchas e pontos escuros na visão;
●
dificuldade de enxergar à noite;
●
cegueira irreversível, nos casos mais avançados.
A prevenção se dá por meio do controle glicêmico e de
visitas regulares ao oftalmologista.
NEFROPATIA DIABÉTICA
Os rins são os órgãos responsáveis por filtrar o sangue,
removendo toxinas. A glicemia elevada pode lesionar pequenos vasos dos rins,
reduzindo gradualmente sua função.
A nefropatia diabética é muito silenciosa, podendo evoluir
por anos e causar sintomas apenas em estágio avançado. São eles:
●
inchaço nas pernas e nos pés;
●
aumento da pressão arterial;
●
perda de proteína pela urina;
●
insuficiência renal crônica.
NEUROPATIA DIABÉTICA
A neuropatia diabética acontece quando o excesso de glicose
constante causa dano aos nervos. Ela pode afetar diversas partes do corpo, mas
é mais comum nas extremidades. Os sintomas incluem:
●
formigamento, dormência ou queimação nos pés e mãos;
●
dor intensa, especialmente à noite;
●
perda da sensibilidade.
PÉ DIABÉTICO
Uma das complicações mais graves e comuns do diabetes mal
controlado é o pé diabético, que surge como consequência da neuropatia em
associação à má circulação sanguínea.
As principais características são:
●
feridas que não cicatrizam;
●
infecções recorrentes;
●
mau cheiro, escurecimento da pele ou gangrena.
Nos casos mais avançados, pode ser necessário amputar parte
do pé ou da perna. Por isso, é fundamental tomar muito cuidado com essa parte
do corpo e acompanhar com profissionais especializados.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Pacientes com diabetes tem riscos cardiovasculares
significativamente maiores, tendo mais chances de apresentar:
●
infarto do miocárdio;
●
acidente vascular cerebral;
●
hipertensão arterial;
●
insuficiência cardíaca.
Isso acontece porque o excesso de glicose contribui com o
acúmulo de placas de gordura nas artérias, dificultando a circulação.
PROBLEMA NA PELE E INFECÇÕES
O diabetes descontrolado pode enfraquecer o sistema
imunológico, tornando o organismo mais suscetível a infecções, problemas de
pele e feridas que demoram a cicatrizar.
Além disso, a pele fica mais ressecada e propensa a
rachaduras, favorecendo ainda mais a entrada de microorganismos.
COMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO
Quando não controlado, o diabetes gestacional pode causar:
●
parto de bebê prematuro;
●
bebês com peso elevado;
●
maior risco de pré-eclâmpsia;
●
quadro de hipoglicemia no recém-nascido.
Já mulheres com diabetes do tipo 1 ou 2 que engravidam
precisam de acompanhamento especializado desde o início da gestação, pois a
glicose elevada pode afetar o desenvolvimento do bebê, especialmente nos
primeiros meses de gravidez.
●
Leia também: Pré-natal:
saiba o que é e quando começar os exames da gravidez
COMO PREVENIR O DIABETES?
Agora que você já entendeu tudo sobre o diabetes, é
importante reiterar que embora seja possível conviver com a doença e ter
qualidade de vida, prevenir é sempre o melhor remédio.
E a boa notícia é que embora o diabetes tipo 1 ainda não
possa ser prevenido, o tipo 2, que representa cerca de 90% dos casos, pode sim
ser evitado a partir de mudanças no estilo de vida.
Além disso, mesmo pessoas com histórico familiar ou
diagnóstico de pré-diabetes conseguem reverter o quadro e adiar (ou até evitar)
o surgimento da doença.
A prevenção é uma estratégia importante não apenas para
evitar o surgimento da doença, mas para melhorar a qualidade de vida de maneira
geral, reduzir o risco para diversas outras doenças crônicas e promover maior bem-estar
físico e mental.
As principais formas de prevenir o diabetes são:
●
alimentação saudável e equilibrada;
●
manutenção de peso saudável;
●
prática regular de atividade física;
●
não fumar;
●
evitar o consumo excessivo de álcool;
●
realizar check-ups e exames preventivos regulares;
●
gerenciar o estresse;
●
dormir bem.
Lembramos que o diabetes tipo 2 se desenvolve de maneira
silenciosa ao longo de vários anos. Por isso, quanto antes forem feitas essas
mudanças no estilo de vida, maiores são as chances de evitar a doença.
VIVENDO COM O DIABETES: É POSSÍVEL
TER QUALIDADE DE VIDA
Por fim, é importante dizer que receber o diagnóstico de
diabetes pode parecer desafiador no início, mas é possível viver bem com a
condição. Com tratamento adequado, acompanhamento médico e mudanças
consistentes nos hábitos de vida, muitas pessoas com diabetes levam uma vida
ativa, produtiva e equilibrada.
E como o estilo de vida está no foco, aproveite para baixar gratuitamente o nosso guia para cuidar da saúde e manter o equilíbrio em sua vida!