Buscar informações sobre assuntos tão importantes quanto a doação de órgãos deveria ser uma preocupação de todos. Afinal, a oportunidade de salvar a vida de alguém muitas vezes é desperdiçada pela falta de conhecimento.
É possível que os órgãos de apenas uma pessoa consigam ajudar a salvar mais de 20 vidas. Aqui no Brasil, são mais de 50 mil cadastrados nas filas de espera dos transplantes.
Você também tem dúvidas a respeito disso?
Então, aproveite que preparamos este conteúdo para esclarecer algumas questões
importantes!
O que é doação de órgãos?
A doação de órgãos é uma escolha pessoal (previamente manifestada), que permite ao indivíduo doar uma ou mais partes do seu corpo, após sua morte, para ajudar pessoas que precisam de um transplante.
No Brasil, essa atitude só pode ser concretizada quando há uma autorização por escrito de algum familiar do falecido, normalmente respeitando a sua vontade que foi expressa em vida de autorizar a doação.
Como a lei brasileira utiliza esse critério, é importante que o tema seja discutido e acordado no núcleo familiar, até porque sem essa autorização não é possível fazer nenhum tipo de doação — mesmo quando a opinião do falecido for conhecida.
O desejo pode ser registrado judicialmente
e uma boa alternativa é fazer o cadastro no site da Aliança Brasileira Pela Doação de Órgãos e Tecidos
para emitir a carteirinha de doador. Assim, a sua intenção fica clara para
todos.
Quem pode doar?
Qualquer pessoa pode tomar essa decisão e avisar seus familiares ou pessoas próximas que pretende doar seus órgãos após a morte.
Porém, nem todos acabam conseguindo fazer a doação, já que ela também depende das condições em que os órgãos se encontram para serem transplantados a outra pessoa que está precisando.
Alguns tipos de doenças colocam em risco a segurança do receptor, sendo mais prudente evitar o procedimento. Pessoas com infecções contagiosas, doenças crônicas, tumores malignos e soropositivos ao HIV são exemplos disso.
Os principais requisitos para que a doação
aconteça são:
●
ter a causa da morte conhecida
e comprovar morte encefálica;
●
passar por exames clínicos para
avaliar o estado de saúde geral do paciente e dos órgãos que poderão ser
doados.
O que é morte encefálica?
A morte encefálica acontece quando o cérebro é considerado “morto” e suas atividades são interrompidas. A partir de então, a parada cardíaca é uma consequência inevitável e a equipe médica que acompanha o paciente não consegue fazer mais nenhum tipo de procedimento para mudar o quadro.
Uma dúvida comum é como o coração pode continuar batendo quando uma pessoa teve morte cerebral, até porque o cérebro é responsável pelo controle da respiração. O paciente nesse estado precisa de auxílio mecânico para respirar e os batimentos cardíacos podem até seguir por algumas horas, mas não há como reverter o caso.
Então, quando a morte cerebral é
diagnosticada, é importante que o processo de doação seja iniciado antes que o
coração cesse seus batimentos e deixe de irrigar (com sangue) os órgãos. Se
isso acontecer, apenas as córneas poderão ser doadas.
Quais órgãos podem ser doados?
Vários órgãos do corpo humano podem ser
doados desde que as suas condições sejam avaliadas por uma equipe
especializada. Saiba quais são eles:
●
córneas: tecido que fica na
parte frontal do globo ocular, elas precisam ser retiradas em um prazo de até
seis horas depois de constatar a parada cardíaca e podem ser armazenadas por
até 14 dias;
●
coração: responsável por
bombear o sangue para o nosso corpo, pode ser aproveitado de um doador que
ainda não teve parada cardíaca, sendo mantido fora do corpo por aproximadamente
seis horas;
●
valvas cardíacas: são pequenas
estruturas que ajudam a controlar o fluxo de sangue que entram e saem do
coração. podem ser removidas daqueles que não conseguiram doar o coração.
●
pulmões: principais órgãos do
sistema respiratório e essenciais para oxigenação do organismo, eles também só
podem ser removidos do doador antes da parada cardíaca e são preservados fora
do corpo pelo máximo de seis horas;
●
rins: realizam a função de
filtrar o sangue para retirar as toxinas. eles precisam ser retirados do
paciente com morte encefálica até meia hora depois da parada cardíaca e
suportam apenas 48 horas fora do corpo;
●
fígado: é o nosso segundo maior
órgão e realiza atividades fundamentais como produzir a bile. ele precisa ser
removido antes da parada cardíaca e consegue ser mantido por 24 horas antes do
transplante;
●
pâncreas: é a glândula que
produz a insulina e absorve enzimas que fazem a digestão. deve seguir as mesmas
regras do fígado;
●
ossos: eles podem ser retirados
até seis horas depois da parada cardíaca e duram por cerca de cinco anos;
●
medula óssea: a coleta é feita
por aspiração óssea ou coleta de sangue, com o doador em vida. pode ser doada
mais de uma vez pois a medula se recompõe em 15 dias;
●
pele: suas partes ficam
armazenadas em bancos de tecido e podem ser implantadas em regiões que sofreram
queimaduras, casos de enxerto etc.
Como expressar para a família
a vontade de ser doador?
Isso deve ser feito através do diálogo com os familiares ou pode ser formalizado (como explicamos no caso da carteirinha de doador) para que não haja dúvidas de que existe a intenção de ser um doador de órgãos. Muitas pessoas evitam pensar na morte e ter esse tipo de conversa, mas a verdade é que fazer isso pode beneficiar muitas pessoas.
Imagine fazer alguém feliz por superar uma dificuldade de saúde e viver por mais tempo? Após o diagnóstico da morte encefálica, ainda é possível gerar vida para outras pessoas! Vale lembrar que o corpo do doador passa pela cirurgia e é reconstituído normalmente para ser velado.
Outro detalhe relevante é que não há nenhum tipo de custo para fazer
uma doação de órgãos, assim como qualquer chance de comercialização que envolva
ganhos. Esse precisa ser um ato altruísta sem qualquer relação econômica
É possível doar órgãos em
vida?
Sim, essa possibilidade também existe e demanda alguns cuidados. Uma das regras do Ministério da Saúde e da lei brasileira é que parentes de até quarto grau e cônjuges sejam doadores. Sem ter nenhum grau de parentesco é necessário conseguir uma autorização judicial para doar um órgão.
Os órgãos que podem ser doados nessa circunstância são: rins e parte do pulmão, fígado ou medula óssea. Os doadores em vida precisam ter mais de 21 anos (fora casos em que crianças realizam doação de medula óssea) e uma boa condição de saúde.
Enfim, é sempre bom lembrar que a doação de órgãos é um assunto muito importante e que precisa ser mais discutido, principalmente devido a grande quantidade de pessoas que aguardam pela oportunidade de fazer um transplante. Com consciência e segurança, nenhuma chance de salvar vidas deve ser desperdiçada!
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.