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Empatia: é só para o outro?

Saúde Emocional

Empatia: é só para o outro?

O conceito de empatia sofreu diversas alterações no decorrer dos anos. Desde explicações mais sucintas, como "empatia é se colocar no lugar do outro", até considerações mais sofisticadas como "ser empático é enxergar através do outro".

Na busca incessante por uma definição mais clara do que, de fato, seria a empatia, um conjunto de atitudes e sentimentos foi identificado por pesquisadores do tema — como o psicólogo e escritor americano Daniel Goleman — como premissa básica para as relações empáticas.

No entanto, existe um ponto importante que ainda precisa ser esclarecido: será que a empatia serve apenas para o relacionamento com os outros ou também atende às necessidades de cada indivíduo? É sobre isso que vamos falar neste artigo. Confira!

O que é a empatia?

Não existe apenas uma única definição para o ato empático. O que, sim, exprime a ideia central da empatia é um conjunto de ações, percepções e sentimentos com relação ao outro e a si mesmo, em geral, frente à situações desafiadoras.

Isso significa que todas as afirmações e as diversas formas de interpretações que surgiram acerca do tema, de certo modo, compõem um significado mais amplo do que é ter empatia.

Em seu livro "Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente", Daniel Goleman dedica um capítulo inteiro de sua pesquisa ao tema da empatia. Ele a coloca como uma capacidade de compreensão da angústia e preocupações do outro, porém do ponto de vista também da outra pessoa.

Ou seja, a atitude empática é o movimento de perceber o que as situações geram nas pessoas, considerando todo o contexto em que elas estão inseridas e o seu modo de ser no mundo. Não há como fazer isso sem despir-se de suas próprias impressões.

Ainda, segundo Goleman, com base nos estudos do também psicólogo Paul Ekman, existem três tipos de empatia: a cognitiva, a emocional e a compassiva. Veremos um pouco mais sobre elas a seguir.

Empatia cognitiva

A empatia cognitiva é aquela em que a pessoa percebe e entende a situação pela qual a outra está passando, porém, não se conecta, de fato, com aquilo.

Ou seja, ela até visualiza a perspectiva do outro indivíduo, mas ainda não consegue se desvencilhar dos seus próprios julgamentos e, em alguns casos, não está nem mesmo disposta a isso. É o que chamamos de "olhar sem, realmente, ver".

Apesar de ser muito importante para iniciar qualquer relação empática, apenas essa atitude não permite estabelecer uma verdadeira compreensão do outro. Para isso, é preciso contar com as outras fases da empatia.

Empatia emocional

Nesse ponto do processo empático, uma conexão com o sentimento da outra pessoa já começa a ser criada. Aqui, o foco não está mais somente em compreender a circunstância em que o outro está, mas em tentar identificar como ele pode estar se sentindo, considerando sua história de vida, sua representação no mundo, suas angústias e emoções.

Fazer isso inclui questionar internamente: "se acontecesse comigo e eu morasse onde a pessoa 'x' mora, fosse da etnia dela, da sua religião, ou, ainda, do mesmo gênero, e se estivesse passado pelas mesmas experiências de vida, como eu me sentiria?"

É um exercício mental complexo porque nos coloca, muitas vezes, em lugares que não gostaríamos de estar. Esse movimento de tentar sentir o que o outro sente, considerando a sua vivência, o seu lugar no mundo e as suas preocupações, é o que representa a empatia emocional.

Empatia compassiva

Na empatia compassiva, existe um equilíbrio entre as outras fases citadas. Isso significa que, em geral, a pessoa já passou da empatia cognitiva, conseguiu chegar na empatia emocional e, agora, diante de todas as emoções e sensações que esse processo despertou, tenta identificar uma forma de ajudar.

O desafio é perceber que, em alguns casos, pode não ser possível auxiliar diretamente. E essa percepção implica a habilidade de conseguir gerenciar os próprios sentimentos.

Por exemplo, ao sentir raiva por conta de alguma situação de injustiça cometida contra alguém, não necessariamente vamos fazer justiça com as próprias mãos.

No entanto, é possível estar ao lado da pessoa para ouvi-la e ampará-la frente à suas angústias e não compactuar com ações que reforcem a atitude injusta. O ato empático compassivo, por si só, já é uma forma de ajuda, porque faz com que as pessoas se movimentem para que aquilo não aconteça mais.

Qual a importância de desenvolver a empatia?

É importante desenvolver a empatia, principalmente, para um convívio harmônico e justo em sociedade. Com o desenvolvimento dessa habilidade emocional, muitas situações desafiadoras globais poderiam ser erradicadas.

Como exemplo, podemos citar: o machismo, a intolerância religiosa, o racismo, o desrespeito a pessoas com necessidades especiais, idosos e pessoas com transtornos mentais.

Além disso, a empatia serve muito à era tecnológica e conectada virtualmente em que vivemos. Pessoas mais empáticas julgam e condenam menos as atitudes dos outros.

Empatia é só com o outro?

Eis a questão: a empatia só pode ser aplicada nas relações com o outro? Ou seja, somente de dentro para fora? A resposta é não. Pelo contrário, antes de ser empático para com as outras pessoas é preciso desenvolver essa habilidade internamente.

Isso porque os seres humanos têm uma tendência à comparação e autocobrança excessiva. É comum que, ao cometer um equívoco, as pessoas rapidamente comparem sua atitude com a de outras e condenem de forma rígida sua ação.

Contudo, é preciso lembrar que cada um tem uma experiência de vida, uma cultura familiar e suas próprias angústias, e suas atitudes vão refletir isso. É importante ser empático consigo mesmo para compreender as próprias ações e comportamentos.

Não se trata de justificar os atos equivocados, mas, sim, de tratar a situação com delicadeza. Esse movimento permite identificar o que precisa ser desenvolvido sem causar prejuízos emocionais.

Como desenvolver empatia consigo mesmo?

A chave é o autoconhecimento. A partir dessa prática, é possível desenvolver a inteligência emocional e identificar:

  • Nossas próprias emoções diante das mais diversas situações;
  • O porquê reagimos de determinada forma em cada caso;
  • O quão vulnerável podemos ser em alguns momentos;
  • Quais são nossos pontos fortes e quais precisamos melhorar.

Enfim, por meio do autoconhecimento, entendemos nossa dinâmica de funcionamento. Dessa forma, fica mais fácil compreender o porquê de agirmos de uma maneira e, assim, diminuir a cobrança em excesso.

Sem empatia — seja consigo ou com o outro — as relações ficam comprometidas. Tornam-se superficiais, individualistas. É preciso construir relações empáticas para que não seja "cada um por si" em um mundo no qual precisamos uns dos outros.

Os seres humanos se constroem e se desenvolvem a partir de suas interações. Portanto, quanto melhores elas forem, menores serão os desafios em sociedade.

O olhar empático pode promover mudanças significativas, tanto internamente quanto externamente. Desde um desenvolvimento individual mais amplo e consciente, até um despertar coletivo para as melhorias que são necessárias.

Dessa forma, a empatia é para todos. É para cada indivíduo que coexiste no mesmo espaço. O processo empático, no entanto, começa de dentro para dentro mesmo e só depois é que passa a ser de dentro para fora.

Ao conhecer a si mesmo e ser empático com suas próprias vulnerabilidades, é possível desenvolver a habilidade de perceber que as outras pessoas também passam pelos mesmos ciclos. Além disso, a empatia promove a ajuda mútua e desinteressada que a humanidade tanto necessita.

Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.

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