Segundo uma pesquisa realizada pelo DataSenado, mais de 6,7 milhões de
jovens brasileiros relataram ter sofrido algum tipo de violência na escola
durante o ano. Isso faz com que muitos pais se perguntem "meu filho está
sofrendo bullying na escola, o que fazer?".
Neste texto, o ajudaremos a identificar os sinais de que o seu filho
está tendo problemas na escola e o que você deve fazer para ajudá-lo a lidar
com essa situação.
Você percebeu que o seu filho mudou de comportamento, evita ir à escola,
anda mais calado, irritado e apresenta machucados sem explicação? Então é hora
de deixar o alerta ligado, pois esses podem ser sinais claros de que ele está
sendo vítima de bullying.
Embora nem sempre as crianças ou adolescentes falem abertamente sobre o
que estão passando, o corpo e o comportamento muitas vezes gritam por ajuda.
Entenda melhor quais são os principais sinais, divididos por áreas
emocionais, físicas e escolares.
SINAIS EMOCIONAIS
Crianças e adolescentes que estão sendo vítimas de bullying
frequentemente apresentam mudanças bruscas de humor, tornam-se mais
irritadiços, quietos, ou então demonstram tristeza constante.
Outro indício forte é a ansiedade infantil: seu filho pode começar a
demonstrar preocupação excessiva com pequenas coisas, ter dificuldade para
dormir ou até sofrer com pesadelos frequentes.
É comum também que ele se isole dos amigos e da família, evitando
interações que antes eram prazerosas. Muitas vezes, ele pode até tentar
esconder o que está sentindo por vergonha ou medo de que a situação piore se
alguém “descobrir”.
SINAIS FÍSICOS
Embora nem sempre evidentes, os sinais físicos também falam muito. Se
seu filho aparece com machucados, hematomas ou arranhões sem explicação
convincente, vale perguntar com calma e atenção o que aconteceu.
Além disso, queixas frequentes como dor de cabeça, dor de estômago ou
náuseas, especialmente nas vésperas de ir para a escola, podem indicar que o
corpo está somatizando o estresse emocional.
Outro ponto de atenção é o sono, pois dificuldade para dormir ou sono
agitado também podem ser reflexos de uma situação de medo e tensão constante.
● Leia
também: A importância
do sono de qualidade para sua vida
SINAIS ESCOLARES
A escola, que antes era um espaço de aprendizado e convivência, pode se
tornar um lugar assustador para quem sofre bullying. Um sinal bem comum é a
queda no rendimento escolar, com notas mais baixas, desinteresse pelas aulas e
tarefas ou até mesmo punições por comportamento diferente.
Além disso, a resistência em ir para a escola (choros, atrasos, inventar
doenças ou alegar que não gosta mais do colégio) é um alerta de que algo ruim
está acontecendo por lá.
ATENTE-SE TAMBÉM AO CYBERBULLYING
É fundamental ter em mente que o bullying, atualmente, não está restrito
aos corredores da escola. O cyberbullying, modalidade em que a violência é
praticada por meios digitais como redes sociais e grupos de conversa, está cada
vez mais comum entre crianças e adolescentes.
Recentemente, a série Adolescência, da Netflix, que fala sobre o
assunto, ganhou os holofotes e não é à toa. Comentários ofensivos, exposição de
fotos ou vídeos sem consentimento, exclusão virtual e geração de imagens falsas
a partir de programas de IA são formas profundamente dolorosas de agressão.
Por isso, é muito importante observar, também, se seu filho muda de
comportamento após o uso do celular ou do computador, parece angustiado com o
que vê online ou mesmo passa muito tempo em frente às telas sem que você saiba
o que exatamente ele está consumindo ali.
Lembre-se sempre de que o acompanhamento da vida online não é invasão de
privacidade, é uma extensão essencial do cuidado com o bem-estar de uma criança
ou adolescente.
A primeira coisa é agir! Não espere que isso “passe sozinho” ou pense
que “faz parte da fase”. Bullying não é brincadeira e pode ter consequências
sérias para a saúde emocional, social e até física da
criança. O caminho para ajudar seu filho passa por escuta ativa, parceria com a
escola, apoio emocional e, em alguns casos, ajuda profissional.
Veja a seguir como ajudar o seu filho a lidar com essa situação.
CONVERSE COM SEU FILHO
O primeiro passo é criar um ambiente de confiança, evitando perguntas
diretas como “Você está sofrendo bullying?”. Em vez disso, tente abordagens
mais sutis: “Como estão os colegas da escola?”, “Alguém tem lhe incomodado?”.
Demonstre que ele pode falar sobre qualquer coisa com você, sem medo de
ser julgado ou punido. É comum que a criança se sinta envergonhada, com medo de
ser vista como fraca ou de piorar a situação. Por isso, escute com atenção, sem
interromper, sem minimizar o que está sendo dito.
Evite frases como “isso é frescura” ou “na minha época era pior”. Valide
os sentimentos dele, mesmo que o que ele relate pareça pequeno para você. O
sofrimento é real e o acolhimento da família é muito importante.
DIALOGUE COM A ESCOLA
Em posse das informações que você
conseguir com seu filho, marque uma conversa com professores, coordenadores ou
direção. Seja firme, mas respeitoso. Explique o que está acontecendo e leve
registros, se possível: prints de
mensagens, relatos do seu filho anotados por você e observações de
comportamento.
Mantenha contato frequente com a escola para acompanhar as medidas
adotadas. Toda escola tem obrigação de agir quando toma conhecimento de
situações de bullying.
Segundo a Lei nº 13.185/2015, o Programa de Combate à
Intimidação Sistemática (bullying) estabelece que as instituições de ensino
devem implementar ações preventivas e corretivas.
APOIE A CRIANÇA
Além de resolver a situação na escola, seu filho precisa se sentir forte
e seguro novamente. Por isso, trabalhe com ele a autoestima e a autoconfiança,
elogiando suas qualidades e incentivando suas conquistas.
Ensine também como pedir ajuda, seja a um adulto ou a um colega de
confiança, e como lidar com provocações sem se sentir diminuído.
Incentivá-lo a fazer atividades como esportes, arte ou música pode
ajudar a fazer novas amizades e melhorar o bem-estar emocional.
● Leia
também: Ansiedade e
atividade física: entenda a relação
Se os efeitos do bullying forem profundos, como crises de ansiedade, depressão, isolamento
social ou recusa constante de ir à escola, é hora de procurar um psicólogo.
Um profissional pode ajudar seu filho a processar o trauma, recuperar a
confiança e desenvolver estratégias para lidar melhor com situações difíceis.
Portanto, agora você já sabe responder à pergunta "meu filho está
sofrendo bullying na escola: o que fazer?". Também entendeu que essa
situação não é brincadeira e que o apoio e compreensão dos pais nesse momento
são muito importantes para que a criança ou adolescente retome seu convívio
social.
Aproveite para ler também o nosso artigo sobre quando procurar um psicólogo e entenda mais
sobre o assunto!