Antes de qualquer cirurgia, uma orientação médica comum
costuma gerar dúvidas e até ansiedade: o jejum pré-operatório. Afinal, por que
não podemos comer ou beber nada por tantas horas antes de um procedimento? Será
que existe mesmo risco? O que pode acontecer se a recomendação for ignorada?
Para esclarecer essas e outras questões, a Unimed
Campinas conversou com a enfermeira Alice Cuchi Cabral, pós-graduada em Saúde
do Adulto e Idoso, especialista em cuidados pré e pós-operatórios. Nessa
entrevista, ela explica por que o jejum é tão importante e como ele ajuda a
garantir a segurança dos pacientes, tudo com uma linguagem simples e
acolhedora.
O QUE É JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO E QUAL
SEU OBJETIVO?
Conforme
Alice, o jejum pré-operatório, aquele período crucial, exige que a pessoa se
abstenha de alimentos e bebidas antes de uma cirurgia ou qualquer procedimento
sob anestesia. A meta primordial? Evitar que o que está no estômago suba e
acabe nos pulmões durante a anestesia, pois isto é capaz de criar diversos
problemas.
“Durante a anestesia, o corpo perde reflexos de
proteção, como engolir e tossir. Se ainda houver alimento ou líquido no
estômago, ele pode voltar e ser aspirado, causando problemas como pneumonite e
até pneumonia”, explica a profissional.
Ela reforça que, antes de qualquer cirurgia, deve ser
realizada a avaliação pré-anestésica, conduzida pelo médico anestesiologista,
para garantir que o paciente esteja em condições adequadas de receber a
anestesia com segurança.
QUANTO TEMPO ANTES DA CIRURGIA O
JEJUM DEVE SER INICIADO?
O tempo de jejum antes da cirurgia varia conforme o tipo
de alimento ingerido e o procedimento que será realizado, mas há recomendações
gerais seguidas pela Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA):
●
líquidos claros (água, chá sem açúcar): jejum de, no
mínimo, 2 horas;
●
refeições leves ou leite: jejum de 6 horas;
●
refeições mais pesadas, ricas em gordura ou proteína:
jejum de 8 horas ou mais.
Essas orientações valem para a maioria das cirurgias
eletivas que utilizam anestesia geral, regional ou sedação. Em casos de
emergência ou em pacientes com esvaziamento gástrico lento, o anestesista
poderá ajustar a técnica.
QUAIS OS RISCOS DE NÃO CUMPRIR O
JEJUM CORRETAMENTE?
De forma clara, a enfermeira alerta que a quebra do
jejum pode levar à suspensão da cirurgia, mesmo que tudo já esteja preparado:
“Se houver suspeita de que o jejum não foi respeitado, a equipe médica pode
adiar o procedimento. É uma medida de prevenção que salva-vidas.”
Entre os principais riscos estão a aspiração do
conteúdo gástrico e complicações respiratórias, que podem exigir internação
prolongada ou cuidados intensivos.
CRIANÇAS, IDOSOS E PACIENTES COM
CONDIÇÕES ESPECIAIS
Crianças e idosos seguem os mesmos tempos de jejum
pré-operatório recomendados, mas com atenção extra para evitar desidratação e
hipoglicemia.
●
crianças:
podem receber líquidos claros até 2 horas antes para evitar quedas de glicemia;
●
idosos:
evitar jejuns prolongados para não causar alterações metabólicas;
●
diabéticos ou
pessoas com doenças crônicas: precisam de orientações individualizadas,
incluindo ajustes na medicação e monitoramento rigoroso da glicemia.
Para mais informações sobre cuidados de saúde nessa
fase da vida, veja nosso conteúdo sobre saúde preventiva e envelhecimento saudável.
MITOS SOBRE O JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO
Um equívoco comum é acreditar que “quanto mais tempo em
jejum, melhor”. Esse excesso não traz benefícios e pode ser prejudicial,
causando fraqueza, tontura e recuperação mais lenta.
“O ideal é seguir exatamente o tempo indicado pelo
médico, nem mais, nem menos”, reforça Alice.
Para passar pelo jejum
pré-operatório de forma mais tranquila e segura, vale adotar algumas
estratégias simples
●
planeje as refeições antes do jejum, opte por alimentos
leves e de fácil digestão;
●
evite exageros, comer muito pode atrasar a digestão;
●
descanse bem na noite anterior para reduzir ansiedade;
●
esclareça dúvidas com a equipe médica, especialmente se
usar medicamentos ou tiver condições de saúde específicas;
●
use distrações leves, como ouvir música ou assistir
algo relaxante, para reduzir o desconforto, especialmente no caso de crianças.
O JEJUM É NECESSÁRIO EM TODAS AS
CIRURGIAS?
Na maioria das vezes, sim. Mesmo em procedimentos
menores ou ambulatoriais que envolvam sedação, o jejum pré-operatório costuma
ser indicado, especialmente por conta da importância dos cuidados antes da
anestesia. Apenas o médico pode ajustar ou liberar líquidos em casos
específicos.
Se quiser entender mais sobre como manter sua saúde em
dia, leia também nosso artigo sobre a importância dos exames preventivos.
O PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO EMOCIONAL
TAMBÉM CONTA
Além do cuidado físico, o estado emocional influencia
diretamente na resposta do organismo. Pacientes ansiosos podem ter alterações
de pressão, glicemia e frequência cardíaca.
Por isso, o acolhimento, informação clara e espaço para
perguntas ajudam a tornar o momento mais seguro e tranquilo.
Como vimos nesse artigo, o jejum pré-operatório é um
cuidado simples, mas essencial, que protege o paciente contra riscos sérios
durante a cirurgia. Entender os motivos por trás dessa prática ajuda a reduzir
a ansiedade, a aumentar a adesão às orientações e a garantir um procedimento
mais seguro e eficaz.
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