A raiva humana é uma doença rara, mas extremamente
perigosa e quase sempre fatal se não for tratada a tempo. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a doença ainda causa cerca de 59 mil mortes por ano no
mundo, sendo a maioria delas em países da Ásia e da África.
No Brasil, os casos diminuíram nas últimas décadas, mas
a atenção continua essencial, principalmente em áreas com circulação de animais
silvestres ou onde a vacinação animal não é realizada de forma adequada.
Entender os sinais, a forma de contágio, os riscos e,
principalmente, as medidas de prevenção é fundamental para proteger a si mesmo
e à comunidade.
Continue a leitura e saiba como identificar, prevenir e
agir rapidamente contra a raiva humana.
O QUE É A RAIVA HUMANA?
A raiva humana é uma doença infecciosa viral aguda,
causada pelo vírus da raiva, que pertence ao gênero Lyssavirus. A infecção
atinge o sistema nervoso central, levando à inflamação do cérebro (encefalite)
e, se não for tratada antes do aparecimento dos sintomas, pode resultar em
morte.
A principal forma de transmissão da raiva humana ocorre
através da mordida, arranhão ou lambedura na pele lesionada por animais
infectados, especialmente cães, gatos e morcegos, mas também animais
silvestres, como raposas e saguis.
QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS DA RAIVA
HUMANA?
Os sintomas da raiva humana costumam surgir de forma
discreta no início, mas já sinalizam que algo não está bem. Entre os mais
comuns na fase inicial, estão:
●
febre baixa;
●
mal-estar generalizado;
●
sensação de formigamento, coceira ou dor no local da
mordida.
À medida que a doença avança, a raiva humana evolui
para quadros neurológicos graves e potencialmente fatais, como:
●
agitação e confusão mental;
●
espasmos musculares involuntários;
●
alucinações;
●
dificuldade para engolir (disfagia);
●
salivação excessiva;
●
hidrofobia (medo de água);
●
paralisia parcial ou total.
A progressão da doença é rápida após o surgimento dos
sintomas. Por isso, toda exposição suspeita exige cuidados médicos imediatos,
não se deve esperar os sinais aparecerem.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA RAIVA
HUMANA?
O diagnóstico da raiva é um desafio, especialmente
porque os sintomas são semelhantes a outras doenças neurológicas. Ele é feito
com base no histórico de exposição (mordida, arranhão ou contato com saliva de
animal) e nos sintomas clínicos apresentados.
Para confirmação, podem ser utilizados exames
laboratoriais, como:
●
RT-PCR de saliva;
●
Líquor (líquido cefalorraquidiano);
●
Biópsia de pele próxima ao folículo piloso/
Entretanto, infelizmente, o diagnóstico definitivo
costuma ser realizado pós-morte, o que reforça ainda mais a importância da
prevenção e da profilaxia imediata.
QUAIS TRATAMENTOS SÃO USADOS E QUAL O
RISCO ASSOCIADO?
Atualmente, não existe cura eficaz para a raiva humana
após o início dos sintomas. Por isso, o tratamento da raiva humana é
exclusivamente preventivo e deve começar imediatamente após a suspeita de
exposição, mesmo antes da confirmação do vírus.
Entre as medidas mais indicadas estão:
●
vacina
antirrábica: administrada em esquema pós-exposição;
●
soro
antirrábico: utilizado em casos mais graves ou em exposições de alto risco.
Existe ainda o chamado Protocolo de Milwaukee, um
tratamento experimental usado em casos raros, mas com baixa taxa de sucesso.
A mensagem mais importante é que a raiva humana é
praticamente 100% letal quando os sintomas se manifestam. Por isso, a única
forma de combater a doença é atuando antes que os sintomas apareçam
COMO PREVENIR A RAIVA HUMANA?
A prevenção da raiva começa em casa e depende de cuidados simples, mas essenciais, que
podem salvar vidas, como:
●
vacinar cães e gatos anualmente
●
evitar contato com animais desconhecidos ou silvestres
●
lavar bem qualquer ferida com água e sabão por 15
minutos
●
procurar atendimento médico imediatamente após
exposição
●
profissionais em risco devem considerar a vacinação
preventiva
●
comunicar autoridades em caso de animal com
comportamento estranho
Para famílias que querem estar sempre preparadas, o nosso Guia da vacinação de crianças traz todas as
informações essenciais sobre o calendário infantil, as doses recomendadas e as
melhores práticas para manter a imunização em dia.
QUAL É O PAPEL DA POPULAÇÃO NO
CONTROLE DA RAIVA?
O controle da raiva humana depende também da vigilância
e responsabilidade coletiva.
É essencial que todos estejam engajados em manter a
vacinação dos seus animais em dia e reportar qualquer animal suspeito às
autoridades. Além disso:
●
a população pode participar de campanhas públicas de
vacinação;
●
escolas e instituições podem promover ações de
conscientização;
●
pessoas que trabalham com animais devem receber
orientação especializada.
A educação em saúde é uma ferramenta poderosa para
prevenir a raiva, sobretudo em regiões vulneráveis ou com acesso limitado a
serviços veterinários.
QUANDO PROCURAR AJUDA MÉDICA?
Toda mordida, arranhão ou lambedura de animal
potencialmente contaminado é motivo para procurar avaliação médica, mesmo que a
lesão seja pequena. Além disso:
●
se houver saliva de animal em mucosas ou pele
lesionada;
●
contato com morcegos ou animais silvestres;
●
observação de comportamento anormal em um animal
doméstico.
A recomendação é não esperar sintomas. A raiva pode ser
silenciosa por semanas, mas quando se manifesta, não há volta.
A raiva humana é uma doença grave, mas altamente
evitável com informação, prevenção e ação rápida. Manter os animais de
estimação com a vacina contra raiva em dia, evitar o contato com animais
desconhecidos e buscar atendimento médico logo após uma possível exposição são atitudes
que podem salvar vidas.
A saúde começa com a consciência de cada um. Ao
conhecer mais sobre doenças como a raiva, você protege a si mesmo, sua família
e sua comunidade.
Se você quer entender como agir rapidamente em
diferentes situações de saúde e garantir as melhores chances de recuperação,
veja também o artigo sobre a importância do diagnóstico precoce.