Se você se interessa
por temáticas relativas à saúde e ao bem-estar, é provável que já tenha se
deparado com o livro Outlive: The Science
and Art of Longevity ("A ciência e a arte da longevidade"), seja
nas livrarias, seja em comentários de especialistas em qualidade de vida.
Considerada uma "Bíblia da
longevidade", a obra é um
sucesso no mundo todo.
A edição é do Dr.
Peter Attia, formado na Universidade de Stanford e idealizador de diversos
projetos relacionados ao tema. Nas 400 páginas do Outlive, temos um rico conteúdo que explica a relação entre o
envelhecer e a saúde, além de trazer conselhos sólidos para evitar o
desenvolvimento de doenças nas últimas décadas de vida.
Continue a leitura
deste post para conferir os
principais pontos e ideias do Dr. Attia para envelhecer com saúde!
O que é e quais
são os benefícios da medicina 3.0?
Um dos conceitos
centrais do livro do Dr. Attia é o da Medicina 3.0, que ele propõe como um novo
modelo de saúde que se contrapõe ao atual, chamado de Medicina 2.0. Para o
autor, as abordagens que praticamos hoje
são reativas, focadas em remediar doenças agudas e lesões.
Ele explica que, no
decorrer das últimas décadas, vimos uma queda significativa no número de
doenças causadas por infecções — principalmente devido ao desenvolvimento e à
popularização de vacinas. No entanto, se olharmos para dados médicos (os quais
ele apresenta no livro), a população mais velha ainda tem muitos problemas
crônicos de saúde.
Os principais são os
que ele chama de "quatro cavaleiros
do Apocalipse": doenças cardíacas, diabetes, câncer e Alzheimer. Trata-se de condições de
desenvolvimento lento, que só apresentam sintomas quando já estão instaladas há
bastante tempo.
Por isso, o Dr. Attia
argumenta que precisamos substituir o modelo de saúde baseado em procurar a
ajuda médica somente quando há sinais de adoecimento. A Medicina 3.0 é o caminho para aumentar a longevidade, isto é, fazer
com que a população viva mais e melhor, e a palavra-chave é a
"prevenção".
Um estilo de vida mais saudável (em diversos
âmbitos, como explicaremos mais à frente) funciona como um tratamento
preventivo. A prática traz melhores resultados em resistência e saúde e, assim,
reduz a chance de surgimento dos "quatro cavaleiros".
Para entender melhor,
vale a pena conferir na íntegra o podcast
(também videocast) em que o Dr.
Attia é convidado a falar mais sobre a sua obra no programa Huberman Lab Podcast (em inglês).
Qual é a
importância de ser o principal sujeito da sua saúde?
A ideia de ser o
sujeito da própria saúde envolve assumir
o protagonismo, deixando de ter um papel passivo em relação às doenças. Ou
seja, estamos falando de ter uma postura proativa em vez de uma conduta
reativa.
Normalmente, as
pessoas reagem aos problemas de saúde conforme eles surgem. Isso significa
buscar o tratamento médico e/ou cuidar do seu bem-estar apenas quando sintomas
ou doenças já estão presentes.
Inclusive, muitas
vezes, a atenção à saúde é dada somente em resposta a problemas específicos ou
emergências médicas. Essa abordagem é
fragmentada, focada na resolução de sintomas imediatos, sem necessariamente
lidar com as causas subjacentes das condições que estão por trás deles.
Em uma postura
proativa, as pessoas adotam medidas preventivas para cuidar da saúde e do
bem-estar antes que os problemas se desenvolvam. Ou seja, elas se esforçam para
evitar doenças e lesões, adotando um
estilo de vida saudável.
A postura proativa
também envolve a busca de exames de rotina e o acompanhamento médico regular — mesmo na ausência de sintomas — para
identificar possíveis questões de saúde em estágios iniciais. Dessa forma, é
viável evitar ou minimizar o impacto de doenças crônicas e melhorar a qualidade
de vida a longo prazo.
Como se tornar um
guardião da sua saúde?
Complementando o
tópico anterior, tornar-se um "guardião" da própria saúde envolve
justamente assumir a responsabilidade e adotar uma abordagem proativa para
cuidar do seu bem-estar físico e emocional. Ou seja, a conduta se relaciona com
o emprego de um esforço em prol da saúde preventiva, com a
incorporação de hábitos que promovem a longevidade e a atenção aos fatores que
influenciam a qualidade de vida das pessoas.
Qual é a
diferença entre "tempo de vida" e "tempo de saúde"?
A diferença entre "tempo de vida" e
"tempo de saúde" está ligada à quantidade e à qualidade do tempo que
uma pessoa vive. O primeiro
conceito se refere à duração total da vida de um indivíduo — desde o nascimento
até o momento da morte —, independentemente do seu bem-estar nesse período.
Já o segundo retrata o
período de vida em que uma pessoa desfruta de boa saúde e funcionalidade,
quando está livre de doenças significativas e/ou limitações que afetam a sua
qualidade de vida. Nesse estágio, ainda é possível realizar atividades diárias
e desfrutar de independência e bem-estar geral.
Por exemplo, se alguém
vive até os 80 anos, mas só goza de boa saúde até os 70 anos, o seu tempo de
saúde equivale a 70 anos. Nós queremos que as duas contagens sejam iguais, mas
o que vemos é que as pessoas normalmente passam os últimos anos sem saúde e sem
autonomia.
Para o Dr. Attia, os
três principais fatores que levam à perda de tempo de saúde são:
1.
o declínio cognitivo;
2.
a redução
da função física;
3.
a perda da
saúde emocional.
Quais são as
táticas da medicina 3.0?
A seguir, veja quais
são os principais elementos que influenciam a qualidade de vida das pessoas e
que precisam ser priorizados para alcançar a longevidade!
Exercícios
físicos
Os exercícios físicos fortalecem o coração e os músculos, melhoram a
circulação e beneficiam o cérebro por meio da produção do BDNF (sigla em inglês
para "Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro"), que auxilia na
neuroplasticidade e em funções cognitivas.
Mesmo que o período de
exercício regular seja pequeno, já será capaz de fazer uma grande diferença,
reduzindo o risco de mortalidade em 14% (conforme dados apresentados no Outlive) e retardando o declínio
cognitivo. Por isso, não é necessário
passar horas e horas fazendo atividades, mas, sim, manter a constância.
O Dr. Attia encoraja
os leitores a se tornarem "atletas da vida", com metas de
condicionamento físico que ultrapassam o desejo de conquistar um corpo em forma
para o verão, por exemplo. A ideia é fazer dos exercícios uma rotina
definitiva, direcionada a alcançar a longevidade.
Para ele, existem
quatro dimensões principais do condicionamento físico: a resistência aeróbica, a performance anaeróbica, a força e a
estabilidade. É essencial treinar todas essas áreas para manter a saúde e a
força durante o envelhecimento.
Nutrição
O pesquisador fala um
pouco dos problemas da dieta americana padrão (SAD, na sigla em inglês), que é
rica em açúcar, carboidratos refinados e óleos processados, levando a excessos
e problemas de saúde. No entanto, não é muito diferente dos hábitos de alimentação
daqui do Brasil, não é?
No intuito de evitar
essa armadilha, são apresentadas três abordagens para a dieta: a restrição
calórica, a restrição alimentar e a restrição de tempo (como o jejum
intermitente). Cada uma tem vantagens e desvantagens, e a escolha dependerá do
estilo de vida de cada pessoa.
A restrição calórica,
por exemplo, requer um controle rígido da alimentação. A restrição alimentar
envolve cortar alimentos específicos — o que pode ser mais difícil para alguns.
Já a restrição de tempo pode ser ineficaz se levar a excessos ou à falta de
proteínas e outros nutrientes essenciais.
Por isso, é superimportante analisar qual é a
abordagem que mais se adapta a cada indivíduo, sempre com o acompanhamento de
profissionais. O objetivo é ter uma dieta mais nutritiva e com menos alimentos que elevam os fatores de
risco para doenças crônicas.
Sono
O livro também destaca
o profundo impacto do sono na saúde e no bem-estar. A falta de sono tem sido
associada a efeitos negativos, como o aumento do risco de ataques cardíacos e
prejuízos para a saúde emocional. Inclusive, estudos citados no Outlive mostram que dormir menos de sete
horas por noite pode aumentar o risco de morte prematura em 12%.
A obra enfatiza a
importância de reavaliar a relação com o sono e de priorizá-lo como um
componente essencial de um estilo de vida saudável, considerando as suas
consequências de longo alcance para além do simples cansaço. Por isso, é fundamental manter uma rotina de sono
estruturada, com horários mais ou menos fixos para se deitar e se levantar. Além
disso, a quantidade de horas dormidas deve ser suficiente para o descanso.
Saúde emocional
O Dr. Attia enfatiza a
relevância da saúde emocional como um componente vital da longevidade. Embora o bem-estar físico seja
frequentemente priorizado, o campo das emoções é igualmente (ou até mais)
significativo.
A obra destaca que
viver uma vida longa não é gratificante se o bem-estar emocional do indivíduo
estiver comprometido. Alguém que enfrenta a depressão, por exemplo, pode
negligenciar exames de saúde essenciais, enquanto uma pessoa fisicamente apta
pode subestimar o impacto dos problemas emocionais na saúde geral.
Além disso, o livro
incentiva a busca de ajuda profissional para lidar com problemas de saúde
emocional ou mental, evitando o isolamento. O autor afirma que a solidão é um
dos grandes entraves em qualquer idade, mas é um fator de risco que aumenta
conforme a velhice vai chegando.
Como ter
qualidade de vida nos últimos anos?
Exercícios, dieta balanceada, sono de qualidade
e saúde emocional são componentes cruciais para uma vida mais longa e saudável. O exercício melhora a circulação e a função
cerebral, enquanto uma dieta completa pode ajudar na manutenção da saúde geral.
Priorizar o seu sono e
criar uma rotina consistente promove o desempenho físico e cognitivo. Já a sua
saúde emocional é igualmente digna de atenção: é superimportante buscar um
acompanhamento e investir em mudanças de hábitos para elevar o bem-estar. Ao se concentrar em
todas essas áreas, você poderá trabalhar em prol de uma vida plena, ativa e saudável.
Gostou deste post que resume um pouco a obra valiosa
do Dr. Attia? Como você viu, o livro está repleto de ensinamentos que podem
ajudar você e os seus familiares a terem uma vida mais saudável a curto, médio
e longo prazo. Esse supermaterial sobre a longevidade ainda não está disponível
em português, mas a leitura em inglês é possível e, certamente, a edição é uma
excelente sugestão.
A propósito, agora,
que tal conferir também o nosso guia sobre longevidade, com várias dicas para viver mais e melhor?
Conteúdo revisado pelo Conselho Técnico da Unimed Campinas.